quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Gregorio Barrios


Gregório Barrios

Dados Biográficos

Gregório Barrios, o “ Rei do Bolero” nasceu em Bilbao, na Espanha ( era portanto do País Basco) no dia 31 de janeiro de 1911 originário de uma família muito humilde. Teve três irmãos. Quando Gregório estava com dez anos de idade seu pai foi obrigado a emigrar com toda a família porque, simpatizante do socialismo, estava sofrendo perseguição política em seu pais. O pai de Gregório emigrou com a família para a Argentina.
Na Argentina, Gregório trabalharia em diversos empregos, até se fixar durante doze anos na parte administrativa de uma empresa pavimentadora de estradas. Nessa empresa, chegaria um posto de chefia. Mas foi em um emprego anterior, ao cantarolar em serviço que despertou a atenção do filho do dono que o desperta para a possibilidade de seguir carreira artística.
Seu sonho era ser cantor lírico. Resolve estudar canto tendo o apoio de sua tia Epifânia que paga seus estudos. Tem quase quinze anos de aulas , ocupando todas as horas possíveis, com o professor e tenor Abellef e o barítono Iturbi no Teatro Cólon de Buenos Aires.
No ano de 1938, passa a cantar da Rádio Callao. O nível artístico da emissora não era muito elevado e tendo o mesmo nome de seu avô, que respeitava muito, decide adotar o pseudônimo de Alberto Barrios. Além de cançonetas e trechos de ópera, cantava tangos, mas cedo viu que esse gênero não era seu objetivo artístico. Nessa altura, já tinha desistido do sonho de ser cantor lírico devido a falta de oportunidades em um ramo tão concorrido e difícil de se destacar. A consagração de nomes como Pedro Vargas, Olga Guillot, Alfonso Ortiz Tirado e Elvira Rios nos Estados Unidos faz ele ver que seu caminho era cantar boleros. Passa a acalentar o sonho de um dia poder lançar boleros compostos por autores argentinos.
Em 1940, deixa seu emprego e assina contrato com exclusividade com a prestigiada Rádio El Mundo de Buenos Aires, na qual ficaria por muito anos apesar do assédio de outras poderosas rádios da capital argentina.
Em 1941, vem pela primeira vez ao Brasil. Faz uma passagem discreta pela cassino de São Vicente e pela Rádio Cruzeiro do Sul em São Paulo. Três anos mais tarde tem a oportunidade de realizar uma nova temporada desta vez no Rio de Janeiro e em Petrópolis nos famoso Cassinos Atlântico e Quitandinha. Apresentava-se como o típico traje espanhol, cantando trechos de operetas e boleros. Fez muito sucesso no Brasil tanto nas capitais quanto no interior por todos os rincões brasileiros., reproduzindo no Brasil a fama que tinha nos países de língua espanhola. Em Cuba, para uma temporada de menos de um mês, recebeu uma quantia fabulosa de dinheiro.
Na Argentina participou de três filmes sendo o galã de Que Hermancita! . Em Buenos Aires possuía uma suntuosa mansão em uma esquina da Callle Corrientes mas passou a manifestar o desejo de morar no Brasil. O tempo revelaria que não estava sendo apenas gentil pois de fato transfere sua residência para o Brasil em 1962.
Em 1966, casa-se com um brasileira ele que tinha sido casado anteriormente na Argentina. Anos mais tarde nasceu sua filha chamada Carmen Patrícia. A filha estava com apenas um ano e quatro meses quando, com quase 68 anos de idade Gregório Barrios falece no dia 17 de dezembro de 1978.
Fazia, com sua própria orquestra a média de duzentas apresentações anuais.
Gregório Barrios foi sepultado no cemitério do Morumbi, em São Paulo.

Algumas músicas interpretada por Gregório Barrios:

- Dos Almas ( Don Fabian)
- Quizas...Quizas... (Osvaldo Farrés)
- Luna Lunera (Tony Fergo)
- Perdonar (Don Rudy- Vicente Catton)
- Alma Vanidosa (Tony Fergo)
- Hipocrita (Carlos Crespo)

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Piazzolla


Astor Piazzolla

Dados Biográficos

O compositor argentino Astor Piazzolla nasceu em Mar Del Plata, cidade situada a 400 quilômetros ao sul de Buenos Aires no dia 11 de março de 1921. Era filho de Vicente “ Nonino” Piazzola e de Asunta Minaetti, tendo portanto descendência italiana. Viveu em Nova York de 1924 a 1936. Durante este período de tempo nos Estados Unidos aprendeu a tocar bandoneón, o instrumento principal do tango. Ainda na adolescência conheceu Carlos Gardel, o lendário cantor de tango que o apoiou no início de carreira conseguindo para ele um papel no filme El Dia que Me Quieras., no papel de um vendedor de jornais.
Após regressar a Argentina em 1937, Piazzolla uniu- se a mais famosa orquestra de tango do período liderada por outra figura lendária do tango argentino, Aníbal Troilo “ Pichuco” .A orquestra de Troilo tinha mesma estrutura que a orquestra de Duke Elligton e o que essa orquestra representava para o jazz a orquestra de Anibal era para o tango, sendo a mais famosa orquestra de tango do período. Durante sua estadia com Troilo, Piazzola conquistou muita fama como acordeonista e arranjador.
Piazzola achou o próprio caminho em 1944 ao formar sua orquestra e também ter estudos de composição com o renomado compositor erudito argentino Alberto Ginastera. Pouco depois começou a fazer novas experiências musicais, com uma abordagem pouco ortodoxa do tango o que desagradou os puristas.
Em 1954, um de seus trabalhos musicais o levou a ganhar uma bolsa para estudar com a famosa professora Nadia Boulanger em Paris. Nadia compreendeu de imediato o grande potencial do músico e o estimulou a continuar com suas experiências musicais e que combinasse influências externas- como o jazz- com o tango. Piazzolla seguiu este caminho e voltou a Argentina onde sua carreira continuou a suscitar controvérsias e onde ele trabalhou incansavelmente para criar um novo tipo de tango que fosse dança e música de concerto ao mesmo tempo.
Piazzolla acabou criando uma grande banda mais tarde chamada de Octeto de Buenos Aires. Ao longo dos anos Piazzolla trabalhou com outros conjuntos musicais especialmente o El Conjunto 9 noneto que formou no anos 70, mas acabaria por voltar ao formato de quinteto. Foi como quinteto original que Piazzola compôs sua obra mais famosa Adios Nonino escrito em homenagem ao pai, que tinha falecido.
Ao chegar aos anos 70, a música revolucionária de Piazzola havia conquistado um público novo e heterogêneo compostos por aficionados por tango desencantados com a abordagens formais e pouco inovadoras das outras formações de tango com um público jovem que vinha do rock e do jazz moderno que ficavam encantados com as abordagens inovadoras de Piazzolla..
No princípio dos anos 80, o infatigável Piazzolla teve novas ideias. Chamou novos músicos para tocar no seu quinteto como o pianista Pablo Ziegler, o violinista Fernando Suarez Paz, o guitarrista Horácio Malvicino e Hector Console no contrabaixo. Ao final de década de 80, havia conquistado fama internacional para o seu conjunto expandido de quinteto para sexteto com a incorporação de Daniel Binelli para tocar um segundo acordeon. Com esta formação Piazzolla realizou excelentes concertos nos Estados Unidos e Europa.
No dia 5 de agosto de 1990, Piazzolla sofreu um violento ataque cardíaco do qual nunca se recuperou totalmente. Acabou falecendo no dia 4 de julho de 1992, em Buenos Aires. Tinha setenta e um anos.

Algumas composições de Astor Piazzolla:
- Preparense
- Lo que Vendra
-Verano Porteno
-Primavera Portena
Tristezas de um Double A.

Piazzolla 

Braguinha


Braguinha ( João de Barro)

Yes, Nós Temos Bananas ( João de Barro- Alberto Ribeiro)

Yes, nós temos banana
Banana para dar e vender
Banana, menina, tem vitamina
Banana engorda e faz crescer
Vai para a França o café
Pois é
Para o Japão o algodão
Pois não
Somos da crise se ela vier
Banana para quem quiser
Yes, nós temos banana
Banana para dar e vender
Banana, menina, tem vitamina
Banana engorda e faz crescer
Mate para o Paraguai
Não vai
Ouro do bolso da gente
Não sai
Velho ou menino, homem ou mulher
Banana para quem quiser

Esta música, de autoria do compositor Braguinha cujo nome verdadeiro era Carlos Alberto Ferreira Braga ilustra bem seu humor peculiar permeado por maliciosa crítica social. Isso porque a fruta banana significava em sentido bastante pejorativo a fruta símbolo dos países da América Latina inclusive o Brasil, vítimas do imperialismo norte-americano.
O compositor Carlos Alberto Ferreira Braga o Braguinha nasceu no dia 29 de março de 1907. Viveu 99 anos e acompanhou as evoluções tecnológicas que sacudiram a mídia no período em que viveu. Faleceu no dia 24 de dezembro de 2006.
Carlos Alberto era filho de um industrial do ramo de tecidos no bairro de Vila Isabel e parecia ter destino certo: seu pai queria que ele fosse arquiteto. Chegou a cursar por dois anos a faculdade de arquitetura mas acabou largando o curso. Antes mesmo, no período ginasial do Colégio Batista já estava ele mais próximo da música ao se aliar a uma turma de colegas que animavam com certa assiduidade reuniões sociais nos bairros da Tijuca e Vila Isabel.
Denominados Flor do Tempo, cantando-se e vestindo-se como nordestinos de sucesso no Rio um famoso grupo musical chamado Turunas da Mauricéia o grupo contou com a adesão do futuro cantor Almirante cujo nome verdadeiro era Henrique Foreis. Com liderança inata, Almirante reduziu o número de componentes, agregou—lhes o violonista Noel Rosa e propôs a troca do nome do grupo que passou a ser conhecido como Bando dos Tangarás por sugestão de Braguinha. Para evitar atritos familiares por causa de sua opção pela vida artística escolha que ainda enfrentava muito preconceito na época ele escolheu o pseudônimo de João de Barro vindo a exercer profissionalmente um importante papel naquele quinteto vocal. O Bando gravou seu primeiro disco em julho de 1929 e um mês depois duas canções de âmbito rural evidenciados pelo título “ Pra vancê” e “ Coisas da Roça “ de autoria de Carlos Braga, sua primeira assinatura como autor.
Cada componente do grupo teve sua vez como solista vocal nos 36 discos gravados ao longo dos quatro anos seguintes que definiram claramente a carreira de três deles: Almirante seria mesmo cantor e depois um misto de produtor, radialista e pesquisador, Noel Rosa e João de Barro seriam compositores, parceiros ocasionais cada vez menos cantores.
Um exemplo desta brilhante parceria é a seguinte música:
As Pastorinhas ( João de Barro- Noel Rosa)

A estrela d'alva
No céu desponta
E a lua anda tonta
Com tamanho esplendor
E as pastorinhas
Pra consolo da lua
Vão cantando na rua
Lindos versos de amor
Linda pastora
Morena da cor da Madalena
Tu não tens pena
De mim que vivo tonto com teu olhar
Linda criança
Tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De sempre e sempre te amar

A Copa de 50

A Copa de 50 de lembrança traumática para os brasileiros teve pelo menos um grande consolo. Foi quando a Seleção brasileira enfrentou a seleção espanhola, apelidada de Fúria, e aplicou-lhe uma goleada de 6x1. O Maracanã lotado atacou de “ As Touradas de Madri”. Apenas uma pessoa no estádio não cantava: o autor da música ,Braguinha, tomado pela emoção.

A letra é a seguinte:

Touradas de Madri ( João de Barro- Alberto Ribeiro)

Eu fui ás touradas de Madri
Parará tim bum- bum – bum – bum
Parara' tim- bum -bum
E quase não volto mais aqui
Pra ver Peri
Beijar Ceci
Eu conheci uma espanhola
Natural da Catalunha
Queria que eu tocasse castanhola
E pegasse o touro a unha
Caramba..
Caracoles
Sou do samba
Não me amoles
Por Brasil eu vou fugir
Que isto é conversa mole
Para boi dormir
Eu fui as touradas de Madri
Parara- tim. Bum – bum
Parará tim – bum – bum
E quase não volto mais aqui
Pra ver Peri
Beijar Ceci


Copacabana

“Copacabana” foi a música que modernizou a música popular brasileira. Foi interpretado pela primeira vez pelo cantor Dick Farney que a gravou em 2 de junho de 1946. Dick era então um crooner de canções americanas que tentava uma carreira de cantor com repertório nacional. A orquestração foi caprichosamente elaborada por Radamés Ganattali, regendo uma orquestra de cordas que sublinhava a voz de Dick, com o clima romântico de um samba canção diferente. A canção foi gravada nos anos 46-47.

Copacabana ( ( João de Barro- Alberto Ribeiro)

Existem praias tão lindas
Cheias de luz
Nenhuma tem o encanto que tu possuis
Tuas areias
Teu céu tão lindo
Tuas sereias
Sempre sorrindo
Sempre sorrindo
Copacabana, princesinha do mar
Pelas manhãs tu és a vida a cantar
E á tardinha o céu poente
Deixas sempre uma saudade na gente
Copacabana,o mar, o eterno cantor
Ao te beijar ficou perdido de amor
E hoje vive a murmurar
Só a ti Copacabana
Eu hei de amar

O Mercado de Discos Infantis.

Foi quando o compositor teve uma de suas atitudes mais inteligentes: comercializar as histórias infantis de contos de fada em disquinhos para atrair a garotada. O compositor fez a dublagem do desenho animado “ Branca de Neve e o Sete Anões o primeiro longa-metragem de Walt Disney. Ele convocou os melhores cantores brasileiros: Dalva de Oliveira para interpretar Branca de Neve e Carlos Galhardo para viver o Príncipe para cantarem as versões em português dos originais que ele traduziu do inglês.
Em 1943, Braguinha lançaria no mercado a teatralização sonora de uma literatura inédita em discos como a história da Gata Borralheira com orquestração de Radamés Gnatalli. Para atrair a criançada os produtos tinham capas coloridas e atraentes em vez dos envelopes pardos insípidos dos demais discos. O disco da Chapeuzinho Vermelho era assim ilustrado por Alceu Penna. Braguinha preconizava os displays dos Long Playng. Viriam depois disquinhos coloridos de 7 polegadas que rapidamente alavancavam as vendagens de uma nova gravadora brasileira da qual ele também seria o diretor, a Continental sucessora da Columbia no Brasil




Letrista de Carinhoso

Foi o longo processo por que passou o samba- choro Carinhoso antes de ser gravado por Orlando Silva em 28 de maio de 1937. Era uma polca lenta que Pixinguinha havia composto em 1917, mas tinha pudor em mostrá-la por ter apenas duas das três partes então obrigatórias. Apenas 10 anos depois é que se animou a desengavetá-la para gravar com orquestra o que lhe valeu uma pesada crítica. Nem as duas gravações subsequentes em 1929 e 1934 conseguiram levantar o “ Carinhoso “ instrumental do esquecimento.
Mas Braguinha atendeu ao pedido da cantora Heloísa Helena para criar uma letra de modo que ela pudesse interpretar “Carinhoso” num espetáculo beneficente. Fez algum sucesso, mas o longo processo não terminara. “ Carinhoso foi rejeitado pela maior estrela da RCA, Francisco Alves. Chegou-se a programar uma gravação porém o escolhido Carlos Galhardo nem compareceu na data. Sobrou para o terceiro da fila, Orlando Silva então ascendendo na carreira e que com arranjo de Radamés Gnattali que afinal cumpriu as ordens do diretor Mister Evans porém o cantor estava descontente com a letra. Diante de tamanha descrença dos envolvidos qual não foi a surpresa quando o disco agradou em cheio tão logo lançado. Orlando Silva encontrou a musica de sua vida, Pixinguinha e Braguinha tiveram seu maior êxito e com centenas de gravações por mais de 70 anos e “ Carinhoso se tornou uma das músicas mais famosas da música popular brasileira repertório obrigatório em shows de música popular brasileira pelo pais.

sábado, 18 de novembro de 2017

Roberto Menescal


Roberto Menescal

O Barquinho ( Roberto Menescal - Ronaldo Boscoli)

Dia de luz, festa de sol
E o barquinho a deslizar
No macio azul do mar
Tudo é verão, o amor se faz
No barquinho pelo mar
Que desliza sem parar
Sem intenção, nossa canção
Vai saindo desse mar
E o sol
Beija o barco e luz
Dias tão azuis
Volta do mar, desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade de cantar
Céu tão azul, ilhas do sul
E o barquinho, coração
Deslizando na canção
Tudo isso é paz
Tudo isso traz
Uma calma de verão
E então
O barquinho vai
E a tardinha cai

O Barquinho é a música mais famosa do compositor da bossa nova capixaba radicado no Rio de Janeiro Roberto Menescal. Ele foi amigo de Nara Leão e parceiro de Ronaldo Boscoli.
A bossa nova deu otimismo. a música popular brasileira até então feita por grandes mestres mas derrotista, pessimista, desesperada, soturna e sombria. Acabou-se o tempo das boates sombrias, dos homens acabrunhados no quinto copo de uísque e das mulheres pérfidas e fatais a as grandes vilãs da música popular brasileira que arrastavam o homem á decadência e á dissolução. Abriu-se a porta das boates onde só havia gente deprimida, o sol entrou e uma nova geração de garotos atléticos e bronzeados deu uma cara nova a música popular brasileira.
Roberto Menescal nasceu em Vitória, Espírito Santo no dia 25 de outubro de 1937. Era de uma família de homens dedicados as ciência exatas sendo quase impossível o garoto fugir de uma vida envolvendo cálculos, compassos e régua T. Seu pai, Francisco de Assis Menescal era engenheiro rodoviário. Seu tio Umberto Menescal, era engenheiro civil pioneiro no uso de concreto e um dos construtores do Maracanã.. O tio de Menescal também construiu a Galeria Menescal símbolo do luxo e da elegância da classe média emergente dos anos 40. E os três irmãos do compositor, Bruno, Ricardo e Renato Menescal já eram ou seriam engenheiros ou arquitetos de onde se indicava que a vocação de Menescal era seguir a carreira da maioria de seus familiares.
A convivência com o grupo que ele articulara em torno da cantora Nara Leão e a sensação de estar participando de um movimento que ameaçava revolucionar a música brasileira fez com que Mensecal vacilasse em prosseguir o estudos. Foi Tom Jobim em 1959, que resolveu seu dilema convencendo-o a ir para a carreira musical.




As Cantoras
Roberto Menescal foi grande amigo da cantora Nara Leão que no começo de sua carreira sempre teria uma ascensão intelectual sobre ele. Foi ela que lhe falou a respeito do jazz e lhe apresentou aos discos das big bands. Foi ela que quis primeiro aprender violão contratando o veterano Patrício Teixeira para ensinar-lhe o instrumento. Menescal também tomou gosto pelo instrumento ao acompanhar as aulas de Nara assimilou de ouvido as posições do violão e decidiu tomar caminho próprio.
Foi outra cantora Sílvia Telles que o contratou como acompanhante em uma excursão que ela faria a cidades do Nordeste e na volta o convenceu a estudar com o maestro Moacir Santos para melhor explorar seu potencial.
Foi a própria Nara aliás, tirando Sílvia Telles que já estava consolidada no mercado, que primeiro personificou o que seria conhecido como cantoras da bossa nova. Além dela Astrud Gilberto, Wanda Sá, Tita, as integrantes do Quarteto em Cy, Olivia Hime, Joyce, Olivia Byington e tantas outras que enfrentaram o preconceito da época em relação a esta atividade e se tornaram cantoras profissionais. Curiosamente Menescal seria produtor musical de quase todas elas.

Os Parceiros
Com Ronaldo Boscoli, Menescal fez “ O Barquinho “, Nós e o Mar “, Ah Se eu Pudesse”, A Morte de um Deus de Sal “,e aquele que talvez tenha sido o único samba exaltação da bossa nova “ Rio “
Com Carlos Lyra , quando os dois eram mais jovens abriram uma academia de violão destinada a ensinar o instrumento a outras pessoas principalmente moças que moravam no mesmo bairro que eles. Além de Nara Leão que foi de aluna a professora entres os alunos estavam os futuros Edu Lobo, Wanda Sá, Marcos Valle, Dori Caymmi, Francis Hime. Logo, Menescal foi o grande aglutinador da primeira geração da bossa nova e não se contentou com isso; preparou também toda uma segunda geração da bossa nova.

Ah ! Se Eu Pudesse (Roberto Menescal- Ronaldo Boscoli )

Ah !
Se eu pudesse te buscar sorrindo
E lindo fosse o dia
Como um dia foi
E indo nesse lindo
Feito por nós dois
Pisando nisso tudo
Que se fez canção
Ah ! Se eu pudesse te mostrar as flores
Que cantam suas cores
Para manhã que cresce
Que cheiram no caminho
Como quem falasse
As coisas mais bonitas
Pra manhã de sol
Ah ! Se eu pudesse no fim do caminho
Encontrar nosso barquinho
E levá-lo ao mar
Ah ! Se eu pudesse
Toda a poesia
Ah ! Se eu pudesse
Sempre aquele dia
Ah ! Se eu pudesse
Te encontrar serena
Eu juro,pegaria
Sua mão pequena
E juntos vendo o mar
Dizendo aquilo tudo
Quase sem falar

Primeiro Emprego


A partir de 1964, as solicitações do mercado passaram a ser outras, inclusive extramusicais e Menescal nem sempre podia atendê-las. Não tinha a menor ideia de como fazer uma canção de protesto e quando os festivais da canção começaram a dominar o cenário em 1965, sua sensibilidade o impedia de produzir aquele tipo de música apoteótica e tonitoantre com final apocalíptico que a plateia dos festivais exigia. Com o temperamento retraído que já manifestara até mesmo entre seus amigos da bossa nova Menescal recolheu-se ainda mais na segunda metade dos anos 60 embora fosse o produtor musical da cantora mais visível do país; Elis Regina.
Mas ele acabou escolhido para exercer uma função; a de diretor artístico da mais poderosa gravadora do Brasil na época, a Philips depois Polygram.
O convite partiu de André Midani, principal executivo da empresa e seu amigo desde antes da bossa nova.
E ele era justamente o escolhido para comandar um gravadora cujos contratados no ano em que ele assumiu eram Tom Jobim, Elis Regina,Chico Buarque, Nara Leão, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Rita Lee e quase todos os artistas de prestígio na musica popular brasileira da época.
De prestígio na mídia, mas não necessariamente um sucesso nas vendas, Durante os quinze anos em que foi diretor artístico da Polygram , Menescal parou de compor e tocar para não constranger seus contratados e engajou-se na batalha que sua função exigia. Serviu de ponte entre os artistas e a gravadora, aprendeu a enxergar o que seria melhor para cada um e venceu seus próprios preconceitos contra artistas “ populares” como Evado Braga e Odair José porque eram as gigantescas vendas destes últimos que permitiam investir em novos valores ou nos que tinham apenas sucesso de crítica. Sob o seu comando, todo mundo saiu ganhando- os artistas, a gravadora e a própria música brasileira. Enquanto a música americana entrava em decadência nos anos 70 a música brasileira era um sucesso de criatividade e vendas.
Mas de repente o cenário musical ao qual o compositor estava acostumado sofreu uma mudança que não o agradou.
Diante desse cenário, Menescal afastou-se da indústria. Longe da musica assistiu com pesar a estagnação da música, ao crescimento da pirataria e finalmente ao declínio da industria. Por causa de sua grande amiga Nara que o convidou a acompanhá-la em seus últimos anos voltou a tocar e compor. Era o reencontro consigo mesmo.
Nos anos 90, Menescal fundou o seu próprio selo, Albatroz e voltou a trabalhar com a indústria de música e voltou a um caminho que conhece bem: a bossa nova. Como produtor independente passou a acolher qualquer projeto que tinha como meta a qualidade.
Trocou a caça submarina pela fotografia do fundo do mar e pelo cultivo de bromélias.

Amanhecendo ( Roberto Menescal- Luiz Fernando Freire)

Nas águas deste rio indo para o mar
Iremos navegando quase sem parar
E vendo tantas nuvens brancas no azul
Esquece a madrugada triste que passou
O dia está nascendo, vem olhar o sol
As aves vem voando pelo nosso amor
Repare a poesia, é tanta alegria
Não chora nunca mais
Vem , vamos amar em paz que o dia traz
Mil cores diferentes nesse amanhecer
Encantos que são vistos só por quem amou
Iremos navegando sempre sem parar
O dia está nascendo vem olhar o sol
As aves vem voando pelo nosso amor
Repare a a poesia
É tanta alegria
Não chora nunca mais
Vem, vamos amar em paz
Vem, vamos amar em paz.




terça-feira, 14 de novembro de 2017

Jose Mojica


José Mojica

José Mojica nasceu no dia 14 de setembro de 1896 na cidade de São Miguel, Estado de Jalisco no México. Estudou agricultura, piano e pintura. O canto não era um de seus interesses. Confessaria mais tarde que nunca teve paixão pelo canto e sim pela pintura.
Suas qualidades potenciais são reconhecidas pelo célebre maestro mexicano Cuevas. Em busca da fama e da fortuna parte em 1916 para Nova Iorque integrando um conjunto formado por Carmem Garcia Cornejo, soprano, Angel Esquivel, barítono e Júlio Peimbert pianista, sendo empresariados por Maria Grever, notável compositora mexicana de futuro renome mundial. Não alcança sucesso devido a falta de oportunidades. Convidado a se juntar a uma grande companhia de óperas em vias de ser montada da noite para o dia vê-se ao lado de nomes célebres da cena lírica mundial. Daí em diante sua ascensão profissional não teria percalços ou barreiras. Terminada a temporada começa outra com a presença do maior astro do bel canto mundial Enrico Caruso do qual se torna amigo. No final de 1919 volta aos Estados Unidos numa situação bem diferente da primeira vez já contratado pela Chicago Opera Company. Além dos rendimentos cada vez maiores no palco tem a oportunidade de gravar seus primeiros discos na Odeon.
Mojica vai alternando concertos nos Estados Unidos e México. Enquanto sua carreira profissional ia cada vez melhor, dando-lhe condições de proporcionar toda a assistência e conforto a sua mãe com a qual sempre morou, sua alma continuava inquieta em busca de algo maior que desse sentido a sua vida. Procurou respostas em outras religiões e filosofias e teve períodos em que não professou fé alguma. Por fim volta a fé católica pelo caminho de uma devoção particular a São Francisco de Assis, o santo dos pobres.
Em 1929 é convidado pela Fox para trabalhar em Holywood em filmes falados e cantados em espanhol pois além da voz encarnava o tipo ideal de galã exigido pelos roteiros melodramáticos. Assim é o astro de O Preço de um Beijo em duas versões, um extraordinário sucesso em diversos países de língua espanhola.
Outros filmes se seguiram como Príncipe, Rei dos Ciganos, A Cruz e a Espada, As Fronteiras do amor, A Canção do milagre e outros. Seus discos então eram um sucesso de vendas.. Muito de seus êxitos até hoje são páginas clássicas. Cada uma de suas apresentações na América Latina, Europa e Norte da África constituía-se em consagração. Nada neste mundo lhe faltava mas no seu espírito continuava um vazio que só uma completa dedicação a Deus haveria de preencher.
Em 1941 estava filmando na Argentina, em Buenos Aires Melodias da América quando recebe a notícia do falecimento de sua mãe. Decide então entrar para o convento franciscano de Recoleta  na cidade de Cuzco no Peru que já conhecia. Dá seu último concerto e viaja para o México a fim de distribuir sua fortuna. Em 1942 recolhe-se a clausura e no ano seguinte recebe as ordens menores.
Em 1946 é ordenado padre adotando o nome de Frei José Francisco de Guadalupe. Continua se apresentando artisticamente mesmo depois de ordenado sacerdote pois havia notado que ainda poderia com sua arte e fama obter recursos para obras de caridade e divulgar a religião, conseguindo de seus superiores a autorização para apresentar-se cantando músicas profanas. É o que passa a fazer em novas excursões pelo mundo e em filmes sempre porém vestindo o hábito de frei franciscano. Por causa de problemas circulatórios que afetaram sua perna direita vem a falecer na idade de 78 anos em 20 de setembro de 1974 na cidade de Lima, Peru.
Jose Mojica 

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Nelson Cavaquinho


Nelson Cavaquinho

Juízo Final (Nelson Cavaquinho- Guilherme de Brito)

O sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente
É o juízo final
A história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver
A maldade desaparecer
O amor será eterno novamente
O amor será eterno novamente

Vida

Ele era um dos seis filhos da lavadeira Maria Paula da Silva que teria origem índia e paraguaia e de Brás Antônio da Silva, um contramestre negro da Banda da Polícia Militar que tocava tuba.
Sua data de nascimento verdadeira suscitou polêmica. Nelson Antônio da Silva nasceu na rua Mariz e Barros, próximo a praça da Bandeira em 28 de outubro (para uns 29 de outubro) de 1911 no Rio de Janeiro. Mas o ano seria alterado para 1910 pelo pai para inscrevê-lo na Polícia Militar. Foi criado na Lapa no centro do Rio, reduto da malandragem e da boêmia onde conheceria valentões como Brancura, Miguelzinho da Lapa, Itália. O quartel do pai ficava perto na rua Evaristo da Veiga onde também havia uma escola primária, que ele frequentaria por pouco tempo. A mãe lavava roupa para as freiras Carmelitas do convento de Santa Teresa, próximo aos Arcos da Lapa.
Ali o menino aprendeu catecismo e tornou-se fervoroso cristão apesar de viver na boêmia. Além do pai, o tio era músico, violinista o que instigou o garoto a improvisar um instrumento próprio, utilizando uma tampa de caixa de charuto e barbantes esticados. Pressionada pelo dinheiro curto a família mudou-se para o longínquo subúrbio de Ricardo de Albuquerque onde Nelson foi obrigado a contribuir para o orçamento familiar. Trabalhou como tirador de espolim (resíduos têxteis) numa fábrica de tecidos em Deodoro. Na rua do Senado, no Centro também, durou pouco como ajudante de eletricista. Tentou, igualmente sem sucesso, o futebol num clube de Várzea chamado Barreira onde atuou na ponta direita e jogou com futuros titulares do América e Madureira.
Depois a família foi morar na Gávea, na zona sul do Rio. O bairro, hoje de classe média alta, na época concentrava muitas fábricas e perto de 50 mil operários como Nelson. Ele preferia frequentar os clubes recreativos locais como Chuveiro de Ouro, Carioca Musical e Gravatá, onde conheceu músicos como Juquinha (que o adestrou no cavaquinho chorão) Mazinho do Bandolim e Edgar Flauta da Gávea. Alguns deles formaram um conjunto e convocaram o iniciante, que aos 16 de anos já assinara a primeira composição, o choro “Queda”. O título definia o desafio entre bambas do ramo, cada um pretendendo derrubar o outro nos improvisos. De volta ao centro da cidade foi trabalhar como bombeiro hidráulico e passou a frequentar uma roda de choro na rua da Conceição, onde conheceu os irmãos Romualdo e Luperce Miranda o segundo um renomado virtuose do bandolim.
Seu primeiro casamento foi com Alice Pereira Neves. A falta de recursos obrigou o pai a pôr o filho para trabalhar na Polícia Militar como única forma de conseguir renumeração para o filho rebelde. Mas não adiantou nada. O filho preferia confraternizar com outros sambistas no Morro da Mangueira que ele patrulhava.. As constantes punições por indisciplina acabaram resultando na baixa da corporação do soldado boêmio em 1938. Ainda trabalhou em cortume e como operário por empreitada.

Estilo
Nelson Cavaquinho não teve uma carreira artística no sentido formal do termo. Sua música fez dele o cantor da melancolia e das angústias existenciais. Apesar do compositor não ter ultrapassado o curso primário os temas de sua música guardam estreita relação com a psicanálise de Freud. Em sua obra ele abordou todos os arquétipos freudianos e o tema principal de sua obra: a morte.
Ousou compor uma música que falava de necrofilia(a obsessão e fixação sexual por cadáveres):

Depois da Vida (Nelson Cavaquinho/ Guilherme de Brito/ Paulo Gesta)

Passei a mocidade esperando dar-te um beijo
Sei que agora é tarde, mas matei o meu desejo
È pena que os lábios gelados como os teus
Não sintam o calor que eu conservei nos lábios meus
No teu funeral está tão fria assim
Ai de mim e dos beijos meus
Eu te esperei minha querida
Mas só te beijei depois da vida.


Guilherme de Brito

Guilherme de Brito Bollhorts(1922-2006) foi o principal e constante parceiro de Nelson. De família empobrecida após a morte do pai, Guilherme empregou-se como office boy na lendária Casa Edson a primeira fabricante de discos no país, onde trabalharia, já no setor de máquinas até aposentar-se.

È da dupla a música “A Flor e o Espinho”

A Flor e o Espinho (Nelson Cavaquinho- Guilherme de Brito- Alcides Caminha)

Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com minha dor
Hoje para você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh ´alma a tua
O sol não pode viver perto da lua
É no espelho que eu vejo a minha mágoa
A minha dor e os meus olhos rasos d´água
Eu na sua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor.

Momentos finais

Da vida pessoal conturbada do artista sabe-se pouco apenas que a última esposa, Durvalina Maria de Jesus (a quem dedicou Minha Festa) teria tolerado até o final o comportamento boêmio do marido. Em meados dos anos 60, Nelson ganhou uma casa do governo estadual na Quincas Laranjeira, 158, na Vila Esperança no distante subúrbio de Jardim América. Encerraria seus dias mesmo bairro mas já na rua Franz Liszt (no número 288) homenagem ao extraordinário compositor e virtuose do piano húngaro.
Nelson sabia cultivar sua lenda pessoal. Gostava de repetir uma história: de noite teve um pesadelo: morreria ás três da manhã. Acordou ás 2:45 e atrasou o relógio. Na vida prática ele nunca se preocupou com horários.
Sobre a morte tema básico e constante de sua obra ele dizia dando uma explicação sobre seu processo criativo
_ Eu não tenho medo de morrer. É por isso que falo muito na morte. Sei que vou desencarnar aqui e espero nascer em outra vida.
Teve seu melhor disco gravado em 1973 na Odeon produzido pelo paulista J.C. Botezelli apelidado de Pelão.
Era fumante compulsivo e bebia muito. Foi internado na clínica Monte Sinai no Jardim América, em dezembro de 1985. Ele morreria no dia 18 de fevereiro de 1986 de enfisema pulmonar logo após mais um carnaval vitorioso pela Estação Primeira de Mangueira escola de samba do coração.
Foram prestados a ele muitos tributos póstumos por outros artistas da música popular brasileira.

Vou Partir (Nelson Cavaquinho/ Jair do Cavaquinho)

Vou partir
Não sei se voltarei
Tu não me queiras mal
Hoje é carnaval
Partirei para bem longe
Não precisa se preocupar
Só voltarei pra casa
Quando o carnaval acabar, acabar
(Vou partir)
Vou partir
Não sei se voltarei
Tu não me queiras mal
Hoje é carnaval
Partirei para bem longe
Não precisa se preocupar
Só voltarei pra casa
Quando o carnaval acabar, acabar.





domingo, 12 de novembro de 2017

Os Cariocas


Os Cariocas

Tim tim por tim tim ( Geraldo Jacques- Haroldo Barbosa)

Você tem que dar, tem que dar
O que prometeu meu bem
Mande o meu anel de volta
Eu lhe mando o seu também
Mande a carta em que eu dizia
O amor não tem fim
Que eu lhe mando outra explicando
Tim-tim por Tim- tim
Você tem que devolver
O que era meu, meu bem
Mande seu retrato e ponha outro em seu lugar
Morreu um rei, salve o rei que vai chegar
Não sei sofrer, não sei chorar
Eu sei me conformar

História

O conjunto vocal mais antigo do mundo em atividade formado em 1942 e profissionais desde 1946 constituído em sua origem pelo líder Ismael Neto, Severino Filho, Badeco (Emanoel Furtado), Quartera ( Jorge Quartaroni) e Waldir Viviani surgiu por iniciativa do paraense Ismael Neto que sonhava com um conjunto vocal que fosse além da mera diversão de vizinhos ou de adolescentes para apresentar-se em programas de auditório e virar um formação profissional. Ismael sonhava com um som que fosse transposto para cinco vozes em vez de normalmente a três vozes que compunham os conjuntos vocais brasileiros.
Para isso, no sótão da casa da vila em que morava com seus pais na Tijuca, Ismael juntou-se ao seu irmão Severino Filho de 14 anos e três vizinhos; Ari, Salvador e Tarquínio. Ao escolher um nome para o conjunto descartou os nomes que habitualmente batizavam os conjuntos vocais brasileiros- a ideia fixa era a Lua- e escolheu os Cariocas., embora nem ele nem Severino fossem nascidos no Rio; eram de Belém do Pará.
Quanto a Ari, Salvador e Tarquínio seus primeiros companheiros de jornada foram substituídos por outros meninos da vizinhança e estes por sua vez por ainda outros, á medida que o conjunto começou a se apresentar em festinhas de bairro. Em 1945, com uma formação improvisada,os Cariocas se apresentaram no programa de calouros Papel Carbono de Renato Murce na Rádio Clube e pegaram o segundo lugar – perderam o primeiro prêmio para um garoto assobiador. Mas Murce gosto do que viu e recomendou que o grupo se inscrevesse para uma próxima vez. Na segunda vez, os Cariocas tiraram o primeiro lugar ( cantando Rum and Coca-Cola sucesso das Andrew Sisters) e tornaram-se atrações frequentes do programa.
Outros pais talvez vissem naquilo uma ameaça de profissionalização e um obstáculo a que os rapazes continuassem se dedicando aos estudos. Mas o talento de Ismael e de Severino era tão visível que em fevereiro de 1946, Severino Silva, pai deles conseguiu um teste para o conjunto na Rádio Nacional. A banca examinadora era formada só por gente graúda na música popular brasileira, o maestro Radamés Gnattali. o produtor e letrista Haroldo Barbosa e o radialista e pesquisador Paulo Tapajós. Foi feito o teste e Os Cariocas não vacilaram. No dia seguinte veio o convite para se integrarem ao elenco do principal musical da emissora, Um Milhão de Melodias, patrocinado pela Coca-Cola, com orquestra regida por Radamés.
A Morte de Ismael

Ismael Neto tinha uma afinidade especial com a música. Seu gênio para a harmonização das vozes tornou-o admirado por homens tais como Radamés Gnatalli, Lyrio Panicalli e o compositor erudito Heitor Villa Lobos.
O que se destacava neste líder era a disciplina que ele impunha a seu conjunto embora pessoalmente ele fosse o indisciplinado modelo. Boêmio era um eufemismo muito simples para definir Ismael.
Seu porte físico que lembrava um herói de quadrinhos popular na época podia explicar sua resistência.. Em fins de 1955, Ismael saiu direto de uma hepatite mal curada para os chopes com genebra no Bar da Zica indiferente ao fato que tinha um grave problema de fígado. Mas não foi fígado que o matou. No começo do ano seguinte foi atacado por uma pneumonia e já entrou em pré-coma no hospital morrendo em meia hora. Ismael era diabético e não sabia. Tinha 31 anos.
Seu irmão Severino Filho assumiu com naturalidade o papel de líder do conjunto.

A Bossa Nova

Nada mais natural que a aproximação entre a bossa nova e os Cariocas. Depois de terem participado de uma gravação de “ Chega de Saudade “ com a cantora Elizeth Cardoso e acompanhados por ninguém menos que João Gilberto, o conjunto reaproximou-se de Tom Jobim e Billy Branco de cuja Sinfonia do Rio de Janeiro tinham participado e do compositor Carlos Lyra que também tivera uma música gravada por eles dois anos antes na Continental: Criticando.
A aproximação deu-se com os demais representantes da bossa nova por intermédio de Ronaldo Bôscoli e Lúcio Alves. Foi quando- ao lado de Lúcio, Sylvinha Telles, Aalyde Costa e outros, no dia 2 de dezembro de 1959, Os Cariocas participaram do show de bossa nova transmitido ao vivo do auditório da Radio Globo, na rua Irineu Marinho. Era a primeira vez que a bossa nova entrava no ar para milhares. Já reduzidos aos quatro elementos que passariam ser sua formação definitiva eles cantaram “ Chega de Saudade” e de Oscar Castro Neves e Luvercy Fiorini “Menina Feia” com sua vozes mais afiadas do que nunca. Os Cariocas estavam fechando o ciclo que tinham começado 11 anos antes em 1948 com ' Adeus América”. A bossa nova era a música que eles e todo os conjuntos vocais brasileiros do passado haviam sonhado desde o começo.

A Morte de Luiz Roberto
Em 1967, decepcionados com o rumo que a música popular brasileira estava tomando principalmente nos festivais de música os Cariocas resolveram interromper suas atividades.
Voltaram a se apresentar profissionalmente no dia 20 de outubro de 1988 no palco do Jazzmania.
Os Cariocas adentraram o palco do Jazzmania sob uma torrente de aplausos e nem deixaram a plateia respirar. Atacaram de “Samba do Avião” de Tom Jobim. A plateia que estava vendo eles estava em êxtase.
Veio o intervalo e na volta retomaram o repertorio de seus clássicos mais antigos dos anos 40 e 50 sem a qual a bossa nova provavelmente não teria existido: “ Adeus América” Tim-tim por tim- tim de Geraldo Jacques e Haroldo Barbosa. “ Nova Ilusão” de Zé Menezes e Luiz Bittencourt e Canção da Volta do próprio fundador dos Cariocas Ismael Neto e Antônio Maria. E dando um salto de décadas começaram a cantar “ Tema para Lúcia” a homenagem do líder Severino a sua filha, a atriz Lúcia Veríssimo feita quando ela tinha doze anos. Lúcia sentada na primeira fila fora a responsável pela sonorização e iluminação do espetáculo. Foi então que Luiz Roberto na verdade o solista do conjunto interrompeu o número suando muito e pediu mais um intervalo.
Severino e seus colegas se entreolharam. Luiz Roberto foi aplaudido ao caminhar em direção á passagem que levava ao camarim., seguido pelos outros. Badeco fez menção de ampará-lo mas Luiz Roberto não permitiu.
Um médico não por acaso na plateia chegou aos bastidores em menos de um minuto: O Dr. Paulo Sérgio Oliveira cardiologista do cantor. Assim que ouvira o pedido de intervalo, compreendera imediatamente a situação e rumara para trás da cozinha onde ficava o camarim. Aliás não tinha ido ao Jazzmania não apenas pela música mas para estar a postos no caso de uma emergência. Encontrou uma ambiente de choro e desespero: Luiz Roberto inconsciente, estendido num sofá com um quadro agudo de infarte e praticamente morto. Pelos minutos seguintes,o cardiologista aplicou-lhe massagem cardíaca e respiração boca a boca. Não havia outros recursos, nem tempo para uma ambulância, uma remoção ou pronto socorro. Em instantes, Luiz Roberto estava morto.
Os colegas de conjunto sabiam que os problemas circulatórios de Luiz Roberto vinham de muito tempo. A tensão de voltar a cantar com os Cariocas pode ter interferido mas nem tanto- afinal há mais de um ano se preparavam para aquela noite, repassando incansavelmente os arranjos no apartamento de Severino, na rua Cupertino Durão, no Leblon e fazendo as cordas vocais recuperarem a antiga forma. Um mês antes já haviam feito algumas apresentações experimentais e tudo dera certo. E mesmo naquele dia tinham passado o som ensaiando de duas das tarde até oito da noite no Jazzmania. Depois cada qual tinha ido para sua casa para tomar um banho e relaxar antes de voltar para o espetáculo. Luiz Roberto que morava em Jacarepaguá fizera tudo isso sem alteração. Mas no caminho da boate tinha acontecido um incidente.
No entrocamento da rua Gomes Carneiro onde ficava o Jazzmania com a rua Visconde de Pirajá em Ipanema, um carro em sentido contrário quase se chocara com seu fusca. Com Luiz Roberto estavam mulher e filho. Ele se desviara mas por pouco não tinham sido atingidos e morrido ali mesmo. Luis Roberto era cardíaco e safenado e aquilo não era a melhor coisa que podia ter acontecido perto de um evento que iria comovê-lo.
O público seguia inocente do que estava passando ali dentro. A suspeita só começou quando alguém saindo dos bastidores confidenciou para um amigo que um dos Cariocas estava passando muito mal. Dali a pouco Michel Domingos, divulgador do Jazzmania subiu ao palco e muito emocionado explicou que os Cariocas não iriam mais voltar. No camarim, Badeco era o que estava mais inconsolável.
A informação logo se espalhou para fora da boate e pelas outras casas noturnas da cidade.
Luiz Roberto entrara no conjunto aos vinte e dois anos descoberto por Severino que o vira tocando guitarra e cantando na própria orquestra que dirigia paralelamente aos Cariocas. Luiz Roberto adaptara-se a o contrabaixo, herdara os solos vocais num belo estilo seresteiro em contraste com a dicção cortante dos demais e assim formados os Cariocas abraçaram definitivamente a bossa nova.


Oura vez a bossa nova

Pelos cinco seguintes até 1967, o conjunto gravou seis Lps da Phillips a gravadora que graças aos produtor Armando Pitganarri melhor entendeu o conjunto e o deixou trabalhar. A bossa nova correspondeu e presenteou os Cariocas com quase vinte canções inéditas para serem inauguradas e transformadas em clássicos por eles. Entre as canções, “ Ela é Carioca” de Tom Jobim e Vinícius de Moraes ( composta a pedido deles), “ Inútil Paisagem “ de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira , “Também quem mandou” de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes e “ Domingo Azul” de Billy Blanco.

A Nova Formação.

Com sua nova formação devido a saída de Badeco e Quartera por razões particulares os Cariocas passaram se apresentar constantemente.
A nova formação dos Cariocas é : Severino Filho 80 anos piano e 1 voz. Eloi Vicente, 60 anos violão e 4 voz e solos, Neil Carlos Teixeira 39 contrabaixo e 3 voz e Hernan Castro 37 bateria e 2 voz.
Severino Filho, o único remanescente da formação original, faleceu no dia 1 de março de 2016.

Ela é Carioca ( Antônio Carlos Jobim- Vinícius de Moraes)

Ela é carioca
Ela é carioca
Basta o jeitinho dela andar
Nem ninguém tem carinho
assim para dar
Eu vejo na cor de seus olhos
As noite do Rio ao luar
Vejo a mesma luz, vejo o mesmo céu
Vejo o mesmo mar
Ela é meu amor, só me vê a mim
A mim que vivi para encontrar
Na luz do seu olhar
A paz que sonhei
Só sei que sou louco por ela
E para mim ela é linda demais
E além do mais
Ela é carioca
Ela é carioca

sábado, 11 de novembro de 2017

Sylvia Telles


Sylvia Telles

Dindi ( Antônio Carlos Jobim- Aloysio de Oliveira)

Céu , tão grande é o céu
E bandos de nuvens que passam ligeiras
Pra onde elas vão
Ah ! eu não sei, não sei
E o vento que fala nas folhas
Contando as histórias
Que são de ninguém
Mas que são minhas
E de você também
Ah ! Dindi
Se soubesses do bem que eu te quero
O mundo seria Dindi, tudo, Dindi
Lindo, Dindi
Ah ! Dindi
Se um dia você for embora me leva contigo Dindi
Fica Dindi, olha Dindi
E as águas deste rio aonde vão eu não sei
A minha vida inteira esperei, esperei
Por você Dindi
Que é a coisa mais linda que existe
Você não existe, Dindi
Olha, Dindi
Advinha, Dindi
Deixa, Dindi
Que eu te adore, Dindi... Dindi

Vida
A famosa cantora e intérprete da bossa nova Sylvia Telles nasceu no Rio de Janeiro no dia 27 de agosto de 1935. Era filha de Paulo Telles, paulista de origem, de uma família de juristas e intelectuais. Seu irmão chamava-se Mário Telles. Sua mãe, Dona Maria, era francesa de nascimento.
Sylvia estudou no colégio Sacre Couer de Marie situado no bairro das Laranjeiras. Fazia dança com a professora Madeleine Rosay do Corpo de Baile do Teatro Municipal.
O irmão de Sylvia ajudava o pai a tocar o negócio da família, no ramo de tecidos. Era amigo de João Gilberto o famoso compositor que inaugurou a famosa batida da bossa nova. Mas o que empolgava de verdade o irmão de Sylvia eram os conjuntos vocais e a intimidade que ele tinha com um deles Os Garotos da Lua, do qual João Gilberto fazia parte. Era amigo de dois integrantes do conjunto, Jonas e Acyr que trabalhavam nas lojas Murray como balconistas encarregados da venda de discos. As lojas de disco geralmente eram lojas de eletrodomésticos que também vendiam discos.
Com essas amizades, a casa do pai de Sylvia Telles era muito frequentada por vocalistas o que chamou a atenção de Sylvia a irmã caçula da família que também gostava de cantar. Foi ai que a artista descobriu sua vocação.

O Evento no Grupo Hebraico

Sylvia acabou participando de um humilde evento que a transformou numa das percursoras da bossa nova. Foi quando aceitou convite de Moisés Fuks, jornalista, e presidente do Grupo Universitário Hebraico um modesto centro de estudantes israelitas a quem Fuks tentava animar promovendo pequenos espetáculo musicais nas noites de quarta -feira. Mas como os estudantes sofriam com a falta de dinheiro o normal é que o palco da associação fosse ocupado por associados amadores que tinham alguma vocação artística.
Pensando em mudar esta situação, Fuks acionou o conhecido Ronaldo Boscoli jornalista do Última Hora para convocar um pequeno grupo de jovens que se reuniam no apartamento de uma garota chamada Nara ( a futura cantora e intérprete da bossa nova Nara Leão) namorada de Bôscoli.
Esses garotos eram Carlos Lyra, Chico Feitosa, Normando Santos e a própria Nara, Roberto Menescal, também futuro nome importante da bossa nova que tocava violão e já era semiprofissional e músicos como o saxofonista Bebeto Castilho, o trompista Bill Horn, o contrabaixista Henrique, o baterista João Mário e muitos outros todos principiantes. Bôscoli que era letrista e por ser mais velho tinha mais influência moral no grupo gostou da ideia de ver seus amigos se apresentando num palco de verdade. Mas como todos eram ainda solidamente desconhecidos ele temia que não atraíssem muita gente e então pensou em alguém já famoso.
Foi aí que apareceu o nome de Sylvia Telles que era amiga de Ronaldo e dos jovens.
Sylvia estava com vinte e três anos na época. Já era cantora famosa e com forte reputação artística, até na televisão. Era o dia 24 de agosto de 1958. Sylvia aceitou o convite de forma generosa e humilde para se apresentar com um grupo de anônimos num espetáculo gratuito que a princípio nada lhe renderia. Pois não só chegou na hora combinada como cantou seu maravilhoso repertório e fez questão de dividir os aplausos como os outros jovens que mal acreditavam no que estava acontecendo.

Os Primeiros Shows da Bossa nova

O primeiro grande show universitário da bossa nova foi no anfiteatro da Faculdade Nacional de Arquitetura, na Praia Vermelha no dia 22 de setembro de 1959 comandado por Ronaldo Bôscoli e novamente estreado por Sylvia Telles que se chamaria Samba- Session. Somente o espetáculo seguinte na Escola Naval no dia 13 de novembro é que seria chamado de Segundo Comando Da Operação Bossa Nova tendo sido o da Faculdade de Arquitetura o primeiro.
Até então a bossa nova não se designava por este nome. Ser “bossa nova” significava ter qualquer atitude diferente do usual. O grupo que Ronaldo conhecia da casa de Nara Leão era diferente portanto bossa nova.
Foi o que ele escreveu no release sobre o que seria apresentado naquela noite no Grupo Universitário Hebraico- uma noite bossa nova – e que pediu a secretária do Grupo Hebraico Lia Strauch para mimeografar e mandar pelo correio aos associados. Foi também a expressão que Lia usou no quadro-negro no próprio dia do espetáculo:

HOJE- SYLVIA TELLES E UM GRUPO BOSSA NOVA

Acontece que terminado o show, Ronaldo Bôscoli gostou tanto da expressão que juntamente com Fuks passou a repeti-la nas notícias que plantava sobre a turma nos jornais.

Discos

Sylvia Telles lançou seu primeiro LP pela Odeon de 10 polegadas com oito faixas intitulado Carícia, em que ela aparecia vestida de egressa do Lago Dos Cisnes e no qual cantava composições de gente que os colegas de Nara admiravam: Tom Jobim e Newton Mendonça (“Foi a Noite”), Garoto (“Duas Contas”) Tito Madi (“Chove Lá Fora”) Ismael Neto ( com Antônio Maria) “Valsa de Uma Cidade”). A Odeon fazia grandes planos para ela.
A Odeon poderia ter garantido com tranquilidade o monopólio da bossa nova quando em 1960 temendo justamente isso a Philips provocou a primeira grande fissura no movimento atraiu Carlos Lyra para suas cores com a promessa de lançá-lo num disco individual.
Pouco depois, em 1961, foi o próprio Aloysio de Oliveira (produtor, diretor de gravadora e marido de Sylvia) que se deixou seduzir pela Philips e levou com ele de saída Sylvinha, Lúcio Alves,o maestro Lindolfo Gaya e César Vilela e o fotógrafo Chico Pereira responsáveis por ser a primeira dupla gráfica da bossa nova e que criaram as famosas capas em cores do movimento.
Pouco depois Aloysio desentendeu-se com a Philips e com ao apoio do professor Celso Frota (padastro de Tom Jobim) fundou o selo Elenco.
Em toda as gravadoras por que passou Aloísio produziu grandes discos principalmente os de Sílvia Telles entre os quais um dos discos que consolidou a bossa nova Amor de Gente Moça.
Também cantou em Bossa Balanço , Balada pela Odeon onde cantou ao lado de Lúcio Alves.

Morte

Aloysio de Oliveira planejava uma carreira internacional para Silvia de quem se divorciara, afinal sua agora ex- mulher dominava perfeitamente o inglês e o francês.
Na madrugada no dia 17 de dezembro de 1966 um sábado Sylvia entrou em seu Fusca tendo ao lado sua cadelinha Nicole e seu ex-namorado Horácio de Carvalho Jr. e partiram pela Rodovia Amaral Peixoto, rumo a Maricá. Sylvia iria gravar um disco nos Estados Unidos mas adiara a gravação para depois do Natal.
O dia começava a nascer quando de repente o Fusca ziguezagueou pela pista no quilômetro 24 da estrada, Entrou debaixo de um caminhão carregado de abacaxis, foi brutalmente arrastado por ele e despencou num matagal, alguns metros abaixo. Os dois morreram na hora. A Polícia Técnica do estado do Rio concluiu que o motorista Horacinho dormira no volante.
Silvia Telles tinha apenas 31 anos de idade.

Foi a Noite ( Antônio Carlos Jobim- Newton Mendonça)

Foi a noite. foi o mar eu sei
Foi a lua que me fez pensar
Que você me queria outra vez
E que ainda gostava de mim
Ilusão eu bebi talvez
Foi o amor por você bem sei
A saudade que aumenta a distância
E a ilusão feita de esperança
Foi a noite
Foi o mar eu sei
Foi você

Esta gravação realizada em 1956 foi uma das gravações pioneiras da bossa nova que começou o gênero e consolidou Sylvia Telles como uma das grandes intérpretes do gênero.

Para ver uma interpretação de “ Foi a Noite” na voz da própria Sylvia Telles( interpretação tirada do disco Carícia “ ver o link :

https://www.youtube.com/watch?v=WWvYUpKhVd0