Pixinguinha
O famoso compositor de musica popular
brasileira conhecido como Pixinguinha na verdade se chamava Alfredo
Da Rocha Viana Filho. Sua certidão de nascimento tinha uma falha;
Pixinguinha só foi descobrir que nascera em 23 de abril de 1897 e
não um ano depois como ele e muitos acreditavam quando já havia
completado 70 anos de idade.
A mãe do compositor se chamava
Raimunda e casou-se duas vezes. Teve quatro filhos no primeiro
casamento. Da segunda união, com Alfredo da Rocha Viana vieram mais
nove filhos incluindo o caçula Alfredo Filho. Na infância era
chamado de Pinzindim por toda a família. Teria recebido esse apelido
de sua avó Edwirges nascida na África. Só anos depois foi
informado que Pizindim significava “menino bom” em algum dialeto
africano.. Já o apelido Pixinguinha surgiu mais tarde decorrente das
marcas deixadas em seu corpo pela varíola (popularmente conhecido
como bexiga) que contraíra em uma epidemia. Na adolescência também
era conhecido pelo apelido de Carne Assada um de seus pratos
favoritos.
O pai Alfredo que tinha um emprego na
Repartição Geral dos Telégrafos tocava flauta nas horas de folga.
Muito aquém do flautista virtuose que seu filho se tornou era apenas
um musico amador que tocava por paixão mas até chegou a compor uma
valsa intitulada “ Tristezas Não Pagam Dívidas”. Sua numerosa
família por sinal era bastante musical. Quase todos tocavam algum
instrumento ou ao menos cantavam. Os irmãos Henrique e Leo que
também tocavam violão foram os responsáveis por ensinar ao caçula
os primeiros rudimentos no cavaquinho.
Pai da nacionalidade brasileira
Pixinguinha também exerceu a função de regente onde deixou
contribuições essenciais para a musica brasileira. Sua experiência
como líder teve início com o lendário grupo Oito Batutas ainda no
final dos anos 10. Seguiu com as orquestras Pixinguinha-Donga e a
Diabos no Céu na década de 1930 até a criação do conjunto Velha
Guarda já nos anos 50. Modesto , Pixinguinha gostava de dizer que
não gostava de mandar nos companheiros. Comandava-os com discrição
e modéstia
Foi também arranjador. Um dos
pioneiros na arte do arranjo musical em nosso país, Pixinguinha
dedicou-se a buscar uma linguagem de orquestra tipicamente
brasileira. Esta atitude foi alvo de críticas por parte dos
nacionalistas mais ortodoxos que acusavam os arranjos de Pixinguinha
de sofrer demasiada influência norte- americana.
O Choro
Pixinguinha foi considerado um dos
mestres do gênero musical tipicamente brasileiro conhecido como
choro.
Como gênero musical, o choro só
assumiu uma forma mais definida no início do século XX.. Sua
origem, no entanto vem de meados do século anterior, época em que
as danças de salão europeias como a polca, o schottish, a valsa e o
minueto começavam a ser praticada em nosso pais.
Inicialmente o que se definia como
choro era uma maneira mais “ chorosa” mais emotiva de interpretar
uma melodia- daí o termo chorão aplicado aos músicos que tocavam
desse modo.
Em termos musicais como a polca
europeia que lhe serviu de matriz inicial, o choro é composto por
três partes que seguem a forma clássica do rondó ( na execução
sempre se retorna a primeira parte da composição depois de passar
por cada uma das outras. Choros mais modernos já adotam um estrutura
de apenas duas partes.
A exemplo de outros gêneros musicais
afro- americanos como o samba e o jazz a origem do termo choro é
polêmica. Segundo estudiosos o termo viria de “xolo” uma espécie
de reunião dançante frequentada pelos escravos nas fazendas onde
trabalhavam. Para outros pesquisadores o termo choro teria ligação
com uma corporação musical muito atuante no período colonial: a
dos choromeleiros. Embora tocassem outros instrumentos esses músicos
ficaram conhecidos por suas charamelas, instrumentos de sopro que
antecederam as atuais palhetas ( clarinetes, oboés e fagotes )
Segundo outros especialistas em música
popular brasileira o termo choro é decorrente da sensação de
melancolia transmitida pelas baixarias do violão ( estilo de
acompanhamento típico do choro concentrado na região mais grave do
instrumento).Já o músico Henrique Cazes é favorável á tese de
que o choro é uma derivação da maneira mais sentimental de tocar
as danças vindas da Europa, o que resultou num abrasileiramento
destes ritmos.
Carinhoso
Em 1928, Pixinguinha gravou o famoso
choro Carinhoso. Esta composição hoje considerada um clássico da
música popular brasileira foi atacada na época em que foi publicada
por um crítico de música chamado Cruz Cordeiro que acusou o
compositor de ter feito uma música influenciada pelo jazz, pela
música norte- americana.
O compositor em alguma medida já havia
previsto que sua música iria causar polêmica ou mesmo rejeição.
Composto apenas por duas partes, ele rompia com o padrão de três
partes estabelecido até então nesse gênero musical. Por essa razão
Pixinguinha manteve a composição na gaveta durante alguns anos até
se decidir a gravá-la.
Antes de ganhar os versos que hoje são
tão conhecidos, Carinhoso ainda foi gravado em duas versões
instrumentais; em 1929 pela Orquestra Victor Brasileira comandada
pelo próprio Pixinguinha e em 1934 pelo bandolinista Luperce
Miranda. Mas foi só depois de ser letrado por Braguinha( conhecido
na época como João de Barro) a pedido da cantora Heloísa Helena
que esse choro parece ter recebido o empurrão que faltava para
conquistar o grande público. Tornou-se uma das canções mais
populares da história da música popular brasileira, já gravada
centenas de vezes.
A letra poética e singela é a
seguinte:
Carinhoso ( João de Barro-
Pixinguinha)
Meu coração
Não sei por quê
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim
Ah ! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E o muito muito que eu te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem. vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
Á procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz.
Os Oito Batutas
Pixinguinha pertenceu a um grupo de
oito músicos conhecido com os Oito Batutas. Este grupo excursionou
,patrocinado pelo milionário Arnaldo Guinle em 1919 por Minas Gerais
e São Paulo;em 1921 foram a Bahia e Pernambuco.
Em 1922 o grupo embarcou a para Paris
para uma inusitada temporada no cabaré Scherazade.
A imprensa brasileira superestimou fato
dividindo-se em duas correntes: uma a do ufanismo ingênuo dos que
viam os europeus se dobrarem diante de um grupo musical brasileiro e
outra as do críticos preconceituosos e esnobes que viam com
preocupação um grupo de musica popular se destacar na Europa o que
contrariava os interesses da elite nacional.
Vício
Pixinguinha também foi vítima do
alcoolismo. Chegou a gastar todo o seu ordenado em bebida. Isto
dificultou muto sua vida pois não podia pagar as prestações da
casa em que vivia com sua mulher Beti.
Outras Músicas Compostas por
Pixinguinha
- Vou Vivendo ( Pixinguinha)
- Um a Zero ( Pixinguinha- Benedito
Lacerda)
- Os Oito Batutas ( Pixinguinha)
- Sofres Porque Queres ( Pixinguinha-
Benedito Lacerda)
- Lamentos ( Pixinguinha- Vinícius de
Moraes)
- Yaô ( Pixinguinha- Gastão Viana)
- Naquele Tempo ( Pixinguinha- Benedito
Lacerda)
- Rosa ( Pixinguinha – Otávio de
Souza)
Morte
O compositor morreu tranquilamente
durante o batizado de um afilhado na Igreja de Nossa Senhora de Paz,
no Rio em 17 de fevereiro de 1973.
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