terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Pixinguinha


Pixinguinha

O famoso compositor de musica popular brasileira conhecido como Pixinguinha na verdade se chamava Alfredo Da Rocha Viana Filho. Sua certidão de nascimento tinha uma falha; Pixinguinha só foi descobrir que nascera em 23 de abril de 1897 e não um ano depois como ele e muitos acreditavam quando já havia completado 70 anos de idade.
A mãe do compositor se chamava Raimunda e casou-se duas vezes. Teve quatro filhos no primeiro casamento. Da segunda união, com Alfredo da Rocha Viana vieram mais nove filhos incluindo o caçula Alfredo Filho. Na infância era chamado de Pinzindim por toda a família. Teria recebido esse apelido de sua avó Edwirges nascida na África. Só anos depois foi informado que Pizindim significava “menino bom” em algum dialeto africano.. Já o apelido Pixinguinha surgiu mais tarde decorrente das marcas deixadas em seu corpo pela varíola (popularmente conhecido como bexiga) que contraíra em uma epidemia. Na adolescência também era conhecido pelo apelido de Carne Assada um de seus pratos favoritos.
O pai Alfredo que tinha um emprego na Repartição Geral dos Telégrafos tocava flauta nas horas de folga. Muito aquém do flautista virtuose que seu filho se tornou era apenas um musico amador que tocava por paixão mas até chegou a compor uma valsa intitulada “ Tristezas Não Pagam Dívidas”. Sua numerosa família por sinal era bastante musical. Quase todos tocavam algum instrumento ou ao menos cantavam. Os irmãos Henrique e Leo que também tocavam violão foram os responsáveis por ensinar ao caçula os primeiros rudimentos no cavaquinho.
Pai da nacionalidade brasileira Pixinguinha também exerceu a função de regente onde deixou contribuições essenciais para a musica brasileira. Sua experiência como líder teve início com o lendário grupo Oito Batutas ainda no final dos anos 10. Seguiu com as orquestras Pixinguinha-Donga e a Diabos no Céu na década de 1930 até a criação do conjunto Velha Guarda já nos anos 50. Modesto , Pixinguinha gostava de dizer que não gostava de mandar nos companheiros. Comandava-os com discrição e modéstia
Foi também arranjador. Um dos pioneiros na arte do arranjo musical em nosso país, Pixinguinha dedicou-se a buscar uma linguagem de orquestra tipicamente brasileira. Esta atitude foi alvo de críticas por parte dos nacionalistas mais ortodoxos que acusavam os arranjos de Pixinguinha de sofrer demasiada influência norte- americana.

O Choro

Pixinguinha foi considerado um dos mestres do gênero musical tipicamente brasileiro conhecido como choro.
Como gênero musical, o choro só assumiu uma forma mais definida no início do século XX.. Sua origem, no entanto vem de meados do século anterior, época em que as danças de salão europeias como a polca, o schottish, a valsa e o minueto começavam a ser praticada em nosso pais.
Inicialmente o que se definia como choro era uma maneira mais “ chorosa” mais emotiva de interpretar uma melodia- daí o termo chorão aplicado aos músicos que tocavam desse modo.
Em termos musicais como a polca europeia que lhe serviu de matriz inicial, o choro é composto por três partes que seguem a forma clássica do rondó ( na execução sempre se retorna a primeira parte da composição depois de passar por cada uma das outras. Choros mais modernos já adotam um estrutura de apenas duas partes.
A exemplo de outros gêneros musicais afro- americanos como o samba e o jazz a origem do termo choro é polêmica. Segundo estudiosos o termo viria de “xolo” uma espécie de reunião dançante frequentada pelos escravos nas fazendas onde trabalhavam. Para outros pesquisadores o termo choro teria ligação com uma corporação musical muito atuante no período colonial: a dos choromeleiros. Embora tocassem outros instrumentos esses músicos ficaram conhecidos por suas charamelas, instrumentos de sopro que antecederam as atuais palhetas ( clarinetes, oboés e fagotes )
Segundo outros especialistas em música popular brasileira o termo choro é decorrente da sensação de melancolia transmitida pelas baixarias do violão ( estilo de acompanhamento típico do choro concentrado na região mais grave do instrumento).Já o músico Henrique Cazes é favorável á tese de que o choro é uma derivação da maneira mais sentimental de tocar as danças vindas da Europa, o que resultou num abrasileiramento destes ritmos.

Carinhoso
Em 1928, Pixinguinha gravou o famoso choro Carinhoso. Esta composição hoje considerada um clássico da música popular brasileira foi atacada na época em que foi publicada por um crítico de música chamado Cruz Cordeiro que acusou o compositor de ter feito uma música influenciada pelo jazz, pela música norte- americana.
O compositor em alguma medida já havia previsto que sua música iria causar polêmica ou mesmo rejeição. Composto apenas por duas partes, ele rompia com o padrão de três partes estabelecido até então nesse gênero musical. Por essa razão Pixinguinha manteve a composição na gaveta durante alguns anos até se decidir a gravá-la.
Antes de ganhar os versos que hoje são tão conhecidos, Carinhoso ainda foi gravado em duas versões instrumentais; em 1929 pela Orquestra Victor Brasileira comandada pelo próprio Pixinguinha e em 1934 pelo bandolinista Luperce Miranda. Mas foi só depois de ser letrado por Braguinha( conhecido na época como João de Barro) a pedido da cantora Heloísa Helena que esse choro parece ter recebido o empurrão que faltava para conquistar o grande público. Tornou-se uma das canções mais populares da história da música popular brasileira, já gravada centenas de vezes.
A letra poética e singela é a seguinte:

Carinhoso ( João de Barro- Pixinguinha)

Meu coração
Não sei por quê
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim
Ah ! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E o muito muito que eu te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem. vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
Á procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz.

Os Oito Batutas

Pixinguinha pertenceu a um grupo de oito músicos conhecido com os Oito Batutas. Este grupo excursionou ,patrocinado pelo milionário Arnaldo Guinle em 1919 por Minas Gerais e São Paulo;em 1921 foram a Bahia e Pernambuco.
Em 1922 o grupo embarcou a para Paris para uma inusitada temporada no cabaré Scherazade.
A imprensa brasileira superestimou fato dividindo-se em duas correntes: uma a do ufanismo ingênuo dos que viam os europeus se dobrarem diante de um grupo musical brasileiro e outra as do críticos preconceituosos e esnobes que viam com preocupação um grupo de musica popular se destacar na Europa o que contrariava os interesses da elite nacional.

Vício

Pixinguinha também foi vítima do alcoolismo. Chegou a gastar todo o seu ordenado em bebida. Isto dificultou muto sua vida pois não podia pagar as prestações da casa em que vivia com sua mulher Beti.

Outras Músicas Compostas por Pixinguinha

- Vou Vivendo ( Pixinguinha)
- Um a Zero ( Pixinguinha- Benedito Lacerda)
- Os Oito Batutas ( Pixinguinha)
- Sofres Porque Queres ( Pixinguinha- Benedito Lacerda)
- Lamentos ( Pixinguinha- Vinícius de Moraes)
- Yaô ( Pixinguinha- Gastão Viana)
- Naquele Tempo ( Pixinguinha- Benedito Lacerda)
- Rosa ( Pixinguinha – Otávio de Souza)

Morte
O compositor morreu tranquilamente durante o batizado de um afilhado na Igreja de Nossa Senhora de Paz, no Rio em 17 de fevereiro de 1973.









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