Luiz Gonzaga
Baião ( Luiz Gonzaga- Humberto Teixeira)
Eu vou mostrar para vocês
Como se dança um baião
E quem quiser aprender
É favor prestar atenção
Morena chegue para cá
Bem junto do meu coração
Agora é só me seguir
Pois eu vou dançar o baião
Eu já dancei, balancei
Chamego, samba em Xerém
Mas o baião tem o quê
Que as outras danças não tem
Quem quiser só dizer
Pois eu com satisfação
Vou dançar cantando o baião
Eu já cantei no Pará
Toquei sanfona em Belém
Cantei lá no Ceará
E sei o que me convém
Por isso eu quero afirmar
Com toda convicção
Que sou doido pelo baião.
Vida
O compositor Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na Fazenda Caiçara,
no sopé da Serra do Araripe, próximo a Exu, em Pernambuco em 13 de
dezembro de 1912. O pai que era sanfoneiro, consertava instrumentos e
era agregado da fazenda. Tinha certos privilégios por ser músico e
casado com Santana (Ana Batista) que embora de linhagem negra
integrava a família dos Alencar, brancos latifundiários de terras
na região. O filho de Januário dos Santos foi batizado com os nomes
de Luiz porque era dia de Santa Luzia, Gonzaga ( o complemento do
nome de São Luiz) e Nascimento por ser o mês em que nasceu Jesus.
Cresceu em meio a pouca escola, comida racionada e nove irmãos-
cinco dos quais se tornaram sanfoneiros profissionais. Além dos
instrumentos que gostava de ver o pai consertar e já começava
afinar e tocar, Luiz passou a viajar como ajudante do “ Sinhô”
Aires, da família dos proprietários da fazenda. Aprendeu a ler, e
do patrão ganhou uma sanfona “oito baixos”- parecida com a de
seu ídolo Lampião e também a do pai Januário que o
profissionalizou aos 14 anos. Na vida do artista em projeto começaram
a aparecer as namoradas e uma delas, Nazarena, de família importante
na região encantou Luiz. Mas o relacionamento acabou não indo
adiante por causa da oposição do pai da moça. Outro atrito por
causa dese fato resultou em uma briga com outro membro importante da
família do artista o que acabou alterando a vida de Luiz, que podia
ter ficado em Exu, como o pai.
Indo para um centro mais avançado,Luiz Gonzaga vendeu a sanfona e
viajou para Fortaleza,, onde se alistou no Exército como voluntário.
Chegou a corneteiro de primeira classe em 1933 e ganhou o apelido de
Bico de Aço. Serviu durante quase dez anos o tempo máximo permitido
mas quando deu baixa já levava um sanfona Horner de 80 baixos
comprada com muito sacrifício. Acabou na Zona do Mangue, no Rio,
onde fez amizade com o casal Xavier Pinheiro e Leopoldina, a Dina e
foi morar com eles no Morro de São Carlos. Tocava e passava o pires
e para ampliar o repertório de valsas, choros e foxtrotes recorreu
ao mineiro Antenógenes Silva ( 1906-2001) o mais famoso acordeonista
da época, que ensinava o instrumento numa percursora escola aberta
no bairro do Flamengo.
Asa Branca
Asa Branca ( Luiz Gonzaga- Humberto Teixeira)
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d´água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro, não chores não viu
Que eu voltarei viu ,meu coração
Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Para eu voltar pro meu sertão
Parceiros
Um dos parceiros de Luiz Gonzaga foi Humberto Teixeira, nascido em
Iguatu, sobrinho de maestro, músico especializado em bandolim e na
flauta, cujo nome já frequentava o meio musical carioca. O histórico
encontro dos dois, no escritório do médico Teixeira no centro do
Rio teria resultado na primeira parceria da dupla a ser gravada por
Gonzaga o xote nostálgico “ No meu pé de serra”, Mas a reunião
sacramentou o gênero nordestino que eles acharam mais urbanizável.
Era o baião.
.Outro parceiro decisivo da segunda fase da implantação da operação
nordeste foi o médico Zé Dantas que Gonzaga conheceu ainda
estudante no Recife. Nascido em Carnaúba, distrito de Pajeú de
Flores, Dantas era um estudioso da cultura da região e admirador do
trabalho que Gonzaga fazia ao difundi-la. “Vem morena” foi a
primeira da nova dupla e seria gravada em 1950.
Ainda haveria outro parceiro o também pernambucano de Arco Verde,
João Silva,homem com uma visão muito experiente da vida como o
próprio parceiro, que morou durante 48 anos na periferia carioca.
Família
Luiz Gonzaga casou-se com a contadora pernambucana Helena das Neves
Cavalcanti em junho de 1948. Adotou uma menina Rosa Maria, a Rosinha
adquiriu bens e trouxe a família de Exu para morar com ele. Teve
outro filho de criação Luiz Gonzaga Junior, o Gonzaguinha, também
artista .
Ostracismo e Volta Por Cima
Em 1971, Gonzaga tentou uma aproximação com as gerações
posteriores no LP “ O canto jovem de Luiz Gonzaga onde escalou de
Geraldo Vandré ( Fica mal com Deus) a Tom Jobim e Vinícius de
Moraes (a rara toada “ Caminho de Pedra do inicial “ Canção de
Amor Demais”) Edu Lobo e Capinam ( “ Cirandeiro”), Gil ( “
Procissão”), Dori Caymmi e Nelson Mota ( “ O cantador”).
Criado nos padrões rígidos da cultura interiorana Luiz Gonzaga
mudou a letra de ' No dia em que eu vi embora”. As vendagens
declinavam e ele satirizou o descompasso com a nova geração em “
Xote dos Cabeludos” (“ Cabra que usa pulseira/ No pescoço um
medalhão/ cabra com esse jeitinho/ no sertão de meu padrinho/ cabra
assim não tem vez não “ ) com José Clementino.
Mas a desejada volta por cima veio.
A debacle física produzida por um câncer de próstata e consequente
metástase já se refletiam na voz cansada das últimas gravações
do cantador. Ele morreu no dia de 2 de agosto de 1989., após quase
dois meses de internação em Recife, capital de Pernambuco.
Juazeiro ( Luiz Gonzaga- Humberto Teixeira)
Juazeiro, juazeiro
Me arresponda, por favor
Juazeiro, velho amigo
Onde anda meu amor
Ai. juazeiro
Ela nunca mais voltou
Diz, juazeiro
Onde anda meu amor
Juazeiro, não te alembra
Quando o nosso amor nasceu
Toda tarde á sua sombra
Conversava ela e eu
Ai. juazeiro
Como doí a minha dor
Diz juazeiro
Onde anda meu amor
Juazeiro, seja franco
Ela tem um novo amor
Se não tem, porque tu choras
Solidário a minha dor
Ai, juazeiro
Não me deixa assim roer
Ai, juazeiro
Tô cansado de sofrer
Juazeiro, meu destino
Tá ligado junto ao teu
No teu tronco tem dois nomes
Ele mesmo é que escreveu
Ai, juazeiro
Eu num guento mais roer
Ai,juazeiro
Eu prefiro inté morrer
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