sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Waldir Azevedo


Waldir Azevedo

Vida

O compositor Waldir Azevedo nasceu no Rio de Janeiro no dia 27 de janeiro de 1923 no subúrbio carioca da Piedade, entre Meier e Cascadura. Seus pais eram Walter, funcionário da Light e Benedita Azevedo. O pai, como já foi dito, era funcionário da Light, companhia responsável pelo fornecimento de eletricidade e pelos bondes que circulavam no Rio de Janeiro.
Seus pais desejavam que ele fosse sacerdote, atividade para a qual não sentia a menor vocação. O menino queria ser aviador.
Mas aviação acabou por perder Waldir. Às vésperas do Carnaval de 1933, o menino que tinha acabado de completar dez anos despertou para a música se interessando por uma flautinha de lata que um vizinho cujo apelido era Marreco tocava. Para arrecadar fundos e comprar o instrumento, Waldir pegou uns passarinhos e os vendeu na feira do subúrbio vizinho do Engenho de Dentro. Acabou por adquirir a flauta e levou-a consigo para o Jardim do Meier e lá chamou a atenção executando o grande sucesso daquele Carnaval. Tratava-se da marchinha do compositor João de Barro conhecido como Braguinha, intitulada “ Trem Blindado” que trazia um curioso paralelo entre as desavenças de um homem com sua sogra e a revolução constitucionalista de São Paulo, o grande acontecimento do ano anterior.
Na casa de um vizinho o menino ia olhar os saraus e ficava fascinado como o bandolim. Pediu a um bandolinista para experimentar o instrumento e foi constatado que ele levava jeito para a coisa. A notícia chegou ao conhecimento da mãe de Waldir que desafiou o filho dizendo que se ele aprendesse a tocar o “ 'Fado da Severa” ganhava um bandolim.
Waldir aprendeu a tocar o bandolim e ganhou seu primeiro instrumento de cordas. No último ano do curso ginasial, se preparou para o concurso de admissão a aviação militar, na época uma área ligada ao Exército. A decepção veio com o exame médico que indicou que ele tinha uma deficiência cardíaca que o impedia de seguir esta área.
Parece que esta mudança de planos tirou o interesse do adolescente pelos estudos e diante disso seu pai fez o que era comum da época; arranjou um emprego para o filho na mesma empresa que trabalhava, mesmo antes dele completar a maioridade. .Waldir começou no escritório da Light, mas conseguiu depois ficar como apontador, um trabalho externo que não tinha horários fixos e o deixava livre para se dedicar a música.

Casamento

Certa vez andando pelo bairro da Tijuca, Waldir foi apresentado a uma moça que acabaria se tornando sua futura esposa. Ela se chamava Olinda Barbosa.
Em setembro de 1944, ficaram noivos. Casaram-se em janeiro do ano seguinte., no dia do aniversário de Waldir.
A época em que foi realizado o casamento era muito dura e difícil pois era a época da Segunda Guerra Mundial e o jovem casal foi morar em um quarto dos fundos da casa dos pais da Waldir, na Rua Oliveira, no Meier, uma ladeira transversal à Rua Dias da Cruz, a principal do bairro, em frente a um cinema chamado Imperador.
A situação difícil levou Waldir a usar seu bom ouvido em outra atividade que nada tinha de musical. Ele trabalhou por um tempo como recepcionista numa oficina que consertava os utilitários e caminhões da marca Nash. Bastava dar uma volta com o veículo que na volta dizia, pelos ruídos que escutava, qual era o problema mecânico.
Waldir e Olinda tiveram duas filhas chamadas Miriam e Marli.

Primeiro Emprego

O casamento trouxe muita sorte ao noivo pois Waldir foi convocado para fazer um teste na Rádio Clube do Brasil e com a perspectiva de um emprego que lhe pagaria o dobro do da Light. A oportunidade surgiu a partir da saída do conjunto dirigido pelo flautista Benedito Lacerda, o mais prestigiado regional da época, da Rádio Clube.
O primeiro emprego de Waldir no ramo da música aconteceu quando o diretor da Rádio Clube, Renato Murce chamou o violonista Dilermando Reis e lhe pediu que organizasse um grupo, pois uma emissora da época não podia passar sem um conjunto regional. Esses grupos não necessitavam de arranjos escritos e assim iam improvisando, acompanhando calouros, músicas ainda inéditas tiradas na hora, ou seja, com poucos músicos se preenchiam muitas horas de programação.
Waldir arranjou um cavaquinho emprestado na loja Ao Bandolim de Ouro, com a condição de comprá-lo caso fosse aprovado no teste. E foi se preparar em casa. Aprovado, assumiu o emprego num momento em que Dilermando começava a se destacar como solista de violão. Sendo requisitado para apresentações fora do Rio ,o violonista foi passando o comando do grupo a Waldir e este, com sua fabulosa intuição, ia resolvendo todos os problemas mesmo sem conhecer teoria musical ou ler partituras. Durante os anos que se seguiram, o músico se tornou um profissional capaz de acompanhar dos cantores mais brilhantes aos calouros mais desastrosos.
O grande salto na vida de Waldir no entanto começou a acontecer no dia em que um sobrinho pequeno insistiu para que o tio tocasse alguma coisa com um cavaquinho de brinquedo que só tinha uma corda. Nasceu ali o tema de “Brasileirinho” desenvolvido mais tarde e harmonizado na rádio pelo violonista companheiro de regional, Jorge Santos.
O que o compositor não imaginava é que sua grande chance profissional estava se criando ali mesmo na gravadora Continental alguns andares acima. E foi novamente o compositor Braguinha (o autor da já citada marcha “Trem Blindado”) que precisava de um solista de cordas para recompor seu elenco. Ouvindo o conselho de seu técnico de gravações, o também compositor Norival Reis e de Dilermando, seu contratado, que já havia sobre um choro ligeiro do rapaz do cavaquinho, foi ao auditório da Rádio Clube e ouviu Waldir tocar “ Brasileirinho .O convite para a gravação foi feito na hora e combinaram ainda que um outro choro de Waldir “ Carioquinha” completaria o disco.
Em maio de 1949 e no mês seguinte o disco Continental chegou ao mercado trazendo Carioquinha no lado A e Brasileirinho no B. Era a estreia de um solista, de um compositor e de um som que ninguém jamais havia escutado fora do âmbito da Rádio Clube.
O som era excelente, o disco foi lançado mas nem o mais otimista das pessoas poderia prever o resultado.

Perdas

Waldir Azevedo passou por uma grande sofrimento. Foi quando aconteceu um grave acidente de automóvel na região serrana do Rio envolvendo suas duas filhas. Miriam, a mais velha não sobreviveu.
Para melhorar seu quadro psicológico devido a perda da filha, Waldir ocupou o cargo de vice- presidente da União Brasileira de Compositores..Também começou a ler e escrever música.

Acidente

O compositor também sofreu um grave acidente que quase lhe tirou a possibilidade de tocar seu instrumento.
Ele tinha a mania de consertar coisas. Um dia foi mexer no cortador de grama. Desmontou o aparelho, limpou e lubrificou as peças, desentortou e foi remontando. Quando estava quase no fim foi atender o telefone. De volta, ligou o aparelho e a lâmina que ainda não estava devidamente apertada, saiu do eixo e arrancou a ponta do dedo anular esquerdo, Olina o socorreu e correram para o hospital. Chegando lá o médico perguntou pelo pedaço do dedo e ela respondeu que havia posto no lixo. Seguindo instruções médicas, voltou e pegou o pedaço, que foi reimplantado. A recuperação foi lenta e muito dolorosa
O resultado da recuperação foi um bonito choro chamado “ Minhas Mãos, Meu Cavaquinho” que cita um trecho da Ave- Maria.

O Desafeto

Waldir Azevedo foi o compositor popular de maior sucesso comercial da história da MPB. Mas o seu sucesso incomodou muita gente principalmente Jacob do Bandolim. Este artista, também um dos maiores nomes da música popular brasileira passou a implicar com a música do outro, referindo-se a ela como um amontoado de toleimas de sandices chegando a classificar uma composição de Waldir, um baião chamado “ Delicado” como o marco da deterioração da música popular brasileira.

Morte

Ao completar 57 anos, a saúde de Waldir já não era a mesma. Fumante desde a juventude, tomava remédios para o coração, mas acabou sofrendo a ruptura de um aneurisma abdominal. Após ser transferido de Brasília para São Paulo para ser melhor assistido acabou morrendo em 20 de setembro de 1980, depois de uma semana de hospital.


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